Consultora financeira explica sobre a nova liberação de empréstimo para quem é beneficiário do BPC
Falta de Deus, falta de fé, falta de força de vontade. Quem já passou por um problema de saúde mental, com certeza já ouviu uma dessas justificativas de quem tentava ajudar. Mas não é nada disso. Depressão, ansiedade, bipolaridade e outros transtornos são doenças psíquicas, e assim como as doenças de qualquer outra parte do corpo, tem tratamento e cura. E o melhor: acessível até mesmo a quem tem baixa renda.Segundo as psicólogas Eduarda M. Figueiredo, 28, e Laís Bandeira, 33, que atendem no espaço Casa Jardim, é necessário acabar com o preconceito em relação aos tratamentos psicológicos e ter a consciência de quem são os profissionais corretos a cuidar da mente. “Para se ter uma ideia, hoje a maioria das medicações é receitada por não especialistas, como ginecologistas e dermatologistas. E o profissional que deveria receitar é o psiquiatra”, lamenta Eduarda, que é formada pela Univag e especialista em traumas, EMDR e brainspotting.
Laís, formada pela Unic, especialista em gestão de pessoas, área clínica, e terapia EMDR, afirma que, apesar de o número de pessoas com doenças como depressão e ansiedade ter aumentado, é benéfico que se fale sobre o assunto, e que se dê a atenção necessária. “Até então não se falava muito sobre questões emocionais, não havia esse cuidado com saúde, com emoções”, comenta.Para a psicóloga, os novos tempos têm empurrado as pessoas cada vez mais para baixo, com cobranças excessivas, urgências nas respostas, comparações impossíveis propostas pelas mídias sociais. Como consequência, a população adoece e, além da depressão e ansiedade, desenvolve uma série de outras patologias de ordem emocional – como bipolaridade e esquisofrenia – que podem levar ao suicídio.
A boa notícia é que um diagnóstico como este não é uma sentença de morte, e nem de sofrimento eterno. “As pessoas não tem só o desejo de morrer, o que se tem é o desejo de parar de sofrer, e eles acham que esse é uma via diante da desesperança. Mas é importante salientar que não se precisa esperar chegar nesse fundo do poço”, garante Laís.
O primeiro passo é procurar tratamento com as pessoas certas: psicólogos e psiquiatras. Além de médicos de outras especialidades receitando remédios psiquiátricos, outra tendência atual é da população procurar coaches, por exemplo, ou somente o CVV. “Não que o coach não funcione, mas não é tratamento, não é para nenhum tipo de transtorno”, explica Eduarda. “[E] o CVV é um manejo emergencial para a pessoa não cometer o suicídio, mas depois, o transtorno permanece na pessoa, e precisa ser tratado”.
Quando procurar ajuda
A psicologia é extremamente vasta, e existem diversas linhas com as quais o paciente pode se identificar mais ou menos. Segundo Laís, não é necessário se autodiagnosticar com depressão ou outro transtorno para procurar ajuda. “A terapia serve tanto para quem já tem uma doença emocional, quanto para quem tem um assunto com o qual se sente desconfortável. Por exemplo, uma decisão importante, um conflito familiar, um relacionamento que não está legal… este é o momento. Não precisa estar depressivo para procurar ajuda”. Agindo desta forma, a terapia pode se tornar até uma prevenção para que algo mais grave não aconteça.