Consultora financeira explica sobre a nova liberação de empréstimo para quem é beneficiário do BPC
Promissor mercado de crédito de carbono
Algumas posições e opiniões, sejam oriundas de instituições , técnicos e até jornalistas da área, reconhecem que o mercado de crédito de carbono enfrenta um problema de momento ferrenho de descrença e até mesmo eu e outras tantas pessoas e instituições reconhecem que o mercado de crédito de carbono passa por período delicado.
Nos últimos meses reportagens jornalísticas da Bloomberg, “Valor Econômico”, Estadão, NY Times, The Guardian, Reuters, entre outros, apontam duplicidades, extrapolação e em vários casos, benefícios prometidos, controvérsias, inclusive pagamento por serviços ambientais e a mistura com crédito de carbono, o uso inapropriado de comunidades extrativistas ou casos de fraude pura e simples.
Entretanto, ainda que isso não seja verdade no atacado, a denúncia tem promovido um alerta no varejo e tem espantando investidores, profissionais e empresas do mercado, portanto dilapidando a credibilidade do setor inteiro, o que é muito ruim e isso já tem prejudicado os negócios e o preço da ton. de CO2.
Nos últimos anos vivíamos um crescimento gradativo do negócio quando em 2021 tivemos um aumento significativo, mas as situações pontuais fizeram o que a demanda em 2022 despencasse, conforme mostra a própria BloombergNEF.
Fato é que a euforia do mercado com as propostas de NETZERO, ou seja, “carbono neutro” que explodiram nas manchetes do Brasil e do mundo perderam folego, além das duras críticas sobre os relatórios de sustentabilidade. As situações têm revelado um mercado mais complexo e desafiador que muitos imaginavam.
Os números das principais certificadoras ou offsets (Verra, Gold Standard, American Carbon Registry e Climate Action Reserve) do mundo revelam esses problemas, a queda do mercado em 2022 e as vulnerabilidades em controle, lastro, comprovação de origem, certificações e emissão de papeis, sem contar os problemas com o mercado irregular.
Nós que atuamos no setor, apoiamos instituições sérias como o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT), através do Conselheiro Sergio Ricardo, que busca justamente a firmação e a valorização desse mercado, a manutenção da sua reputação, com objetivo não só de superar as barreiras, mas também de disponibilizar o potencial mato-grossense em créditos de carbono ao mundo. E, claro, em razão disso que continuemos a ser um potencial em negócios e comércio, como também um player favorável ao combate as mudanças do clima apoiando com a mobilização global desta semana pela lisura e qualidade dos créditos de carbono.
É preciso apoiarmos o Core Carbon Principles – CPP, equalizar as entidades certificadoras e promover junto a elas governança, transparência e controle. A Integrity Council, entidade responsável por organizar os princípios, tem como meta inicial não avaliar projetos individualmente, mas organizar processos, fluxos, padrões, portanto, estabelecer procedimentos que possam ser acompanhados e monitorados por meio de uma governança.
É preciso considerar que estamos discutindo sobre mercado voluntário e não ilegal, assim as empresas certificadoras operam sem supervisão e construir um protocolo de avaliação servirá justamente para dirimirmos incertezas, extirparmos fraudes e dar a devida sustentabilidade e promoção que o mercado de crédito de carbono merece.
Outra fase importante estabelecida pelo CPP será a de avaliar metodologias que auferem créditos de carbono, por exemplo, o de reflorestamento, o desmatamento evitado que são tradicionais no Brasil.
Contudo, é notório que isso não irá dirimir as preocupações do mercado, compradores e vendedores, mas é uma alternativa que pode ser apoiada por todos para trazermos segurança técnica e normativa ao percurso.
É sempre bom criarmos controle, competitividade, regras para que os mais variados players possam participar, sejam na condição de certificadores ou na comercialização propriamente dita. Assim, passaremos a gerar de ratings de controle, segurança e qualidade.
A questão é preservar o promissor e rentável mercado, sobre tudo para MATO GROSSO e para o BRASIL, apoiar as empresas que irão elevar a régua da integridade para que tenhamos cada vez mais certeza, precificação, geração de valor e remuneração pela preservação e conservação ambiental ou, ainda, pelos modelos de produções sustentáveis que temos em nosso meio.
Sobre os 10 mandamentos do core carbon principles
Os dez princípios nos remetem aos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), onde dois deles fazem referência que a geração de créditos deve equacionar as metas do net zero em 2050, ainda considerando os benefícios ambientais e sociais e as salvaguardas, incluindo, quando depender do projeto, as anuências das comunidades locais.
Concordando com nossa insistência, quatro outros mandamentos são de governança e estão atrelados as certificações, com implementação de monitoramento de projetos, transparência de informações, verificações e validações robustas por terceiros, assim uma efetiva governança para verdadeira mitigação dos gases de efeito estufa.
Os quatro mandamentos finais insistem naquilo que também acreditamos, é preciso valorizar a constância em reduções, remoções e melhores práticas em GEE (gases de efeito estufa), juntamente com a caracterizações firmes e eliminar de uma vez por todas qualquer situação de dupla contagem.
Por fim, é preciso cuidarmos cada vez mais do precioso mercado de crédito de carbono para que ele cresça sem abalos em sua tenra idade e tratemos não só do mercado voluntário, mas que Mato Grosso possa atuar junto com os técnicos e instituições responsáveis para regulamentar definitivamente o mercado.
Eng . Florestal, mestre em sustentabilidade, André Luís T Baby. @andrebabynski