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Interceptações indicam pagamento de R$ 6,5 milhões pela JBS à ex-presidente Dilma Roussef e o Partido dos Trabalhadores
O nome do ex-ministro da Agricultura e atual deputado federal por Mato Grosso, Neri Geller (PP), foi citado em uma conversa que trata de esquema de propina entre a empresa JBS e o Partido dos Trabalhadores, em 2014.
Segundo uma reportagem do Jornal da Record, que foi ao ar no dia 20 de novembro deste ano, interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça indicam pagamento de R$ 6,5 milhões da empresa de Joesley Batista para Dilma Rousseff, então recém-eleita presidente da República, e o PT – veja o vídeo no final da matéria.
As supostas transações financeiras são investigadas pela Polícia Federal. As interceptações datam de 21 de novembro de 2014, quase um mês depois do segundo turno da eleição.
A conversa que cita Neri Geller acontece entre Edinho da Silva, na época coordenador financeiro da campanha de Dilma e hoje prefeito de Araraquara (SP), e Ricardo Saudi, executivo da J&F, controladora da JBS.
Na ligação, Edinho orienta o executivo a ligar para Manoel Sobrinho, que seria o seu braço direito, segundo a PF.
Veja a transcrição:
Edinho – “O Manoel vai te passar as orientações certinho”, diz Edinho.
Saudi – “Ah, eu já sei então, ele falou que tá tudo certo?”.
Edinho – “Não, mas aquele que o Manoel passou, é, tem uma mudança…”.
Saudi – “Ah, eu sei da mudança. Então tá bom, eu vou ligar para ele agora”.
Edinho – “Ó, é uma mudança e o negócio lá de Mato Grosso você conversa com o Neri, tá?”.
Saudi – “Do Mato Grosso, ah é, liga pra ele?”.
Em seguida, Saudi liga para Sobrinho, que pede a ele para entrar em contato com Walfrido dos Mares Guia, na época responsável por coordenar a campanha pela reeleição de Dilma em Minas Gerais. Ele também foi ministro das Relações Institucionais e do Turismo no governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Veja:
Sobrinho – “Liga para Mares Guia, você tem o telefone dele, não tem”.
Saudi – Quem? O Walfrido?”.
Sobrinho – “Isso, o Walfrido”.
Saudi – “Deixa só eu reconferir aqui, um e meio para Minas Gerais…”.
É quando aparece a referência, novamente, a Neri Geller, segundo a reportagem. Veja:
Sobrinho – “Na verdade eu tinha te falado que era um de Minas e não é. É um e meio”
Saudi – “Ah tá, e o meio do Mato Grosso continua?”
Sobrinho – “Isso”.
Dilma Roussef e o PT mineiro deveriam receber juntos R$ 6,5 milhões.
Saudi – “Cinco da Dilma também?”
Sobrinho – “Isso”.
A PF quer saber a origem do dinheiro, se este foi declarado como doação de campanha e como esses dinheiros foram utilizados. O que chama a atenção é o fato de os telefonemas acontecerem um mês depois das eleições. A polícia suspeita que os valores tratados nas ligações eram fruto de propina da J&F em troco de favores do governo.
Um ano depois dos telefonemas, em 2015, o STF proibiu as empresas de fazer doações para campanhas políticas.
As interceptações telefônicas são desdobramentos da Operação Capitu, que investiga suposto esquema de corrupção de 2014 a 2215, no Ministério da Agricultura. No ano passado, 16 pessoas foram presas, entre elas, Neri Geller.