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Estratégia do partido é competir por prefeituras com o maior número possível de candidaturas majoritárias
Sem a alavanca de Jair Bolsonaro para impulsionar candidatos nas eleições municipais de 2020, o PSL brigará para construir um rosto que seja a marca da agremiação. A estratégia é competir por prefeituras com o maior número possível de candidaturas majoritárias. Os principais estados são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. Dono de um fundo eleitoral de R$ 202 milhões e de um tempo televisivo de 57 segundos diários, a legenda não descarta alianças. Já existem conversas com o Democratas, na Bahia, e abertura para negociar com o Republicanos. A proibição, claro, é a qualquer acordo com PT, PCdoB e PSol.
A principal aliança política deverá acontecer na capital da Bahia, onde o partido apoiará Bruno Reis, candidato de ACM Neto, atual prefeito de Salvador e presidente do DEM. O cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, destaca que o PSL apresentou um crescimento impressionante nas eleições do ano passado, capitaneado pela imagem e pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. A saída dele do partido resulta na perda de força, de acordo com o especialista, mas mantém o crescimento frente ao pleito municipal anterior.
“Em relação à última eleição municipal, a tendência é que o partido cresça em 2020. A partir da candidatura e eleição de Bolsonaro, o PSL teve uma votação expressiva, que rendeu uma boa fatia do fundo partidário. Então, a sigla vem com mais recursos e tempo de TV neste ano. Agora, se a gente for comparar com a expectativa, se o presidente ainda fosse filiado, deve haver uma redução”, diz Noronha.
Para o estudioso, a saída do presidente da legenda causa entraves regionais. “Nos principais centros urbanos, quem poderia se aliar ao partido por conta de Bolsonaro pode mudar de intenção. Em São Paulo, por exemplo, deve haver essa dificuldade”, completa o especialista. Por outro lado, partidos de centro podem apoiar a legenda após o afastamento do chefe do Executivo.
Presidente do movimento político Livres, que surgiu no seio do PSL, mas deixou o partido após a filiação da família Bolsonaro, o também cientista político Paulo Gontijo é outro que acredita em um reposicionamento mais próximo do centro. Ele destaca que a legenda não ocupará o campo ideológico do bolsonarismo. “Serão mais pragmáticos. Teremos mais alianças com partidos ideologicamente não alinhados ao presidente da República”, afirma.
Gontijo destaca como figuras mais fortes à pré-candidata a prefeita de São Paulo (SP), deputada Joice Hasselmann, e provável candidato a prefeito do Rio de Janeiro (RJ), deputado estadual Rodrigo Amorim. “Se não investirem bem em bons quadros, vão encolher. Então, a tendência é lutar por novas candidaturas. Eles perderam com a saída do Bolsonaro, que era a cara deles. Agora, vão tentar ter um novo rosto. No Rio, Rodrigo Amorim é um nome muito forte. Em São Paulo, tem a Joice. Em Recife deve ser alguém ligado ao Bivar. Mas não vejo nenhum outro nome de expressão nacional para cargos executivos neste momento”, avalia.
Presidente do diretório paulista do PSL, o deputado federal Júnior Bozzella baixou uma resolução estadual determinando candidaturas próprias em todas as cidades do estado. Qualquer aliança não conversada poderá levar à destituição do partido no município. “Estamos indo às regiões para orientar os trabalhos, ver de que forma o PSL vai aplicar sua energia. No plano nacional, estamos fazendo um bom trabalho. Em 3 de fevereiro, teremos reunião da Executiva Nacional com todos os presidentes estaduais para debater o plano estratégico dos estados”, conta o dirigente.
Para dar relevância ao partido, o plano é promover grandes eventos. Segundo Bozzella, a legenda organizará palestras sobre segurança pública, saúde e educação, de acordo com a necessidade de cada região. A meta é convidar especialistas nacionais e internacionais. “Conversando com os presidentes estaduais, temos percebido que as coisas estão encaminhadas e, em fevereiro, teremos um grande encontro”, afirma. O deputado destaca também que o distanciamento do partido da família Bolsonaro e dos deputados dissidentes está facilitando a conversa com outras agremiações.
O senador Major Olímpio (SP), outro nome de peso na legenda, destaca que, apesar da saída de Bolsonaro, o número de filiados continua a crescer. Segundo o parlamentar, a perda provocada pela desfiliação do presidente e da campanha dos deputados rebeldes não diminuiu em mais que 50 o número de filiados em São Paulo, por exemplo. Recentemente, a Gerência de Tecnologia da sigla divulgou nota informando que o partido recebeu, desde novembro, 14,8 mil novos pedidos de filiação em todo o país.
Além disso, lembra Major Olímpio, embora tenha rompido com o partido de modo unilateral, o presidente da República auxiliará a legenda ao sancionar o fundo eleitoral público de R$ 2 bilhões. Principalmente tendo em vista a baixa possibilidade de o Aliança pelo Brasil estar legalizado, a tempo, para participar das eleições municipais. “Eu torço para ele vetar (o fundão), mas acho que não vai. O partido é a bola da vez. É a noiva. Todo mundo quer ter na sua aliança o PSL como vice ou com sua chapa de vereadores. Mas, o interesse principal do PSL é a eleição dos seus próprios quadros”, afirma o senador.