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Estudo realizado pelo deputado estadual e médico sanitarista Lúdio Cabral (PT) com base nas resoluções da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), comparadas com o painel de vacinação do Ministério da Saúde, mostra que quase 40% das doses já recebidas e distribuídas aos municípios de Mato Grosso podem não ter sido aplicadas ainda. Das 393.060 doses de vacinas recebidas no estado, 205.464 doses foram aplicadas, 55.575 estão reservadas para a 2ª dose e 132.021 não foram aplicadas até o dia 25 de março, o que representa 39,1% das doses recebidas ainda sem aplicação.
“A vacinação está lenta e atrasada. Quase 40% das doses disponíveis em Mato Grosso, e que já poderiam ter sido aplicadas, não foram ainda. A logística tem que ter sintonia fina. Se temos escassez de vacina, precisamos aproveitar ao máximo a quantidade de doses presentes em cada frasco. É preciso organização e eficiência na vacinação. Além da quantidade escassa adquirida e enviada pelo governo federal, há demora entre a chegada da vacina a Mato Grosso e a distribuição aos municípios, e mais demora depois que a vacina chega aos municípios, dependendo da forma como o município organiza a aplicação da vacinas”, analisou Lúdio.
Para aumentar a eficiência na vacinação, Lúdio recomenda que as prefeituras utilizem a rede de salas de vacinas e a experiência acumulada pelos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), que é referência mundial na imunização de populações. “Não adianta inventar a roda. Precisamos descentralizar a vacinação, utilizar as unidades básicas de saúde, as salas de vacina que o SUS já tem. Quanto mais descentralizar, melhor. Até porque o público-alvo vai aumentar nas próximas fases”, afirmou.
No estudo, Lúdio citou que das 191.123 doses da Coronavac/Butatan recebidas para aplicação da 1ª dose, 85.754 não tinham sido utilizadas até 25 de março, o que representa 44,9%. “No caso da 2ª dose, o problema é mais sério, pois considerando um total de 88.258 doses, 28.347 doses não foram aplicadas ainda. Ora, são até 28.347 pessoas que já poderiam estar com a imunização completa em Mato Grosso e não estão”, destacou.
Das 52.315 doses da AstraZeneca/Fiocruz distribuídas aos municípios mato-grossenses, todas destinadas à aplicação da 1ª dose, 12.492 não foram aplicadas até 25 de março, o que representa 23,9% de doses ainda não aplicadas. “Um dado curioso observado no painel de vacinação é que 361 doses da vacina AstraZeneca já teriam sido aplicadas como 2ª dose, o que contraria o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19”, disse.
Lúdio observou ainda que as prefeituras podem estar alimentando os dados da vacinação com atraso ou a sistemática de alimentação dos dados no sistema de informações em que se baseia o painel do Ministério da Saúde pode não refletir a realidade da vacinação em cada município. “Pode haver atraso nessa alimentação e é uma das hipóteses para essa diferença. É preciso analisar esses números de forma detalhada, por município, por público-alvo, por laboratório fabricante, por logística de distribuição e aplicação, e quais as explicações para esse desempenho. Se temos poucas vacinas à nossa disposição, precisamos do máximo de rapidez e de eficiência na aplicação, para alcançarmos a melhor cobertura vacinal possível”, disse.
Ele citou, ainda, que estão incluídos nos dados as doses de vacinas destinadas aos povos indígenas que vivem em terras indígenas de Mato Grosso, cuja aplicação é responsabilidade das equipes dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), vinculadas à Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI). As vacinas destinadas aos povos indígenas são remetidas pelo Ministério da Saúde à Secretaria Estadual de Saúde, que distribui para os escritórios regionais ou municípios de referência para as terras indígenas, e estes abastecem as equipes de saúde dos DSEIs, que realizam a vacinação nas aldeias.