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O vereador de Várzea Grande e candidato à reeleição, Pablo Pereira (União), preso no âmbito da Operação Gota d’Água, deflagrada na manhã desta sexta-feira (20) pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), negou que estivesse realmente sendo encarcerado ao deixar a sede da Defaz em Cuiabá.
“Não tem nada! Não tem nada contra mim, é infundado! Estou aqui para prestar esclarecimentos para a Justiça e vamos fazer. Estamos à disposição da Justiça a todo momento”, declarou o parlamentar à repórter do site Estadão Mato Grosso.
Pablo Pereira, é um dos alvos da Operação Gota d’Água, deflagrada com objetivo de desarticular uma organização criminosa instalada na Diretoria Comercial do Departamento de Água e Esgoto (DAE), por diversas espécies de fraude
Segundo a investigação, Pereira seria um dos líderes do esquema e tinha como principal função exercer pressão política com a finalidade de fazer valer os objetivos do grupo criminoso.
Conforme a Polícia Civil, o parlamentar que também foi afastado do cargo na Câmara Municipal, deixou a delegacia para passar por audiência de custódia, procedimento de praxe após feita a prisão.
O esquema
Durante a investigação da Deccor foi identificada a cobrança de valores, por servidores públicos, para a execução de serviços que eram devidos pelo DAE aos consumidores. Auditorias ainda revelaram prejuízos para a autarquia em razão da exclusão ilegal de débitos e também em razão de diminuição indevida de valores de faturas, tudo mediante recebimento de dinheiro por servidores.
Em relação apenas às duas últimas espécies de fraudes, a estimativa é que desde 2019, a autarquia tenha sofrido um prejuízo de aproximadamente R$ 11,3 milhões.
No decorrer das investigações, foram apontadas diversas espécies de fraudes e uma ação corrupta na Diretoria Comercial do DAE, praticadas pela organização criminosa, pelo menos desde o ano de 2019 e até a atualidade. Ao que tudo indica, em qualquer ocasião que fosse possível obter valores indevidos em razão da prestação do serviço público de saneamento básico, uma significativa parte dos servidores da Diretoria Comercial do DAE não hesitava em receber os valores ilegais.
Foram identificadas diversas situações em que foi dificultado o acesso da população várzea-grandense à ligação de água, com problemas artificialmente criados, além de diversas situações de cobrança de propina. Segundo elementos probatórios coletados, alguns servidores realizavam o trabalho rotineiro apenas mediante pagamento de propina. E a situação era de conhecimento do chefe do setor, que é apontado como um dos líderes da organização criminosa.
A Operação
No total, são cumpridos 123 mandados judiciais, expedidos pelo Juízo do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo).
A principal medida é a determinação de intervenção imediata do Município de Várzea Grande na diretoria comercial do DAE, com o objetivo de restabelecer a prestação regular e efetiva do serviço público de abastecimento de água e esgoto, que foi cooptado pelo grupo criminoso.
Entre as ordens judiciais estão 11 prisões preventivas e 25 mandados de busca e apreensão domiciliar.
Estão sendo afastados das funções 15 servidores da Diretoria Comercial do DAE-VG; um servidor da Câmara de Vereadores do município; e um funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços na Diretoria Comercial do DAE.
Também foram determinadas cinco medidas cautelares diversas contra 11 investigados (dentre os quais, sete são servidores da Diretoria Comercial do DAE e um é ex-servidor do mesmo setor). As principais são: proibição de manterem contato entre si e com os demais investigados; acessar os prédios e dependências do DAE e de manterem contato e se aproximarem das testemunhas.
Foi determinado ainda o sequestro de 6 imóveis e 26 veículos, além do bloqueio de valores das contas dos 22 investigados no valor do prejuízo estimado.
Outra providência determinada pelo Nipo foi a realização de auditoria em todas as modificações de valores de contas de água que foram feitas pela Diretoria Comercial do DAE-VG, desde 2019.
A pedido da Polícia Civil, a Justiça também proibiu tanto o Poder Executivo de Várzea Grande quanto o Poder Legislativo do município de nomear ou contratar qualquer um dos investigados para exercer cargos na administração municipal.