Consultora financeira explica sobre a nova liberação de empréstimo para quem é beneficiário do BPC
Os pacientes com Covid-19 estão recorrendo a hospitais particulares para receber atendimento, mas sem plano de saúde, ficam endividados e têm dificuldades para pagar a conta.
Dois moradores da região norte do estado, um de Sinop e outro de Sorriso, procuraram uma unidade básica de saúde, mas os remédios prescritos não funcionaram e o quadro se agravou.
A falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Sistema Único de Saúde (SUS) fez a família do Marcos Lacerda, de 48 anos, procurar atendimento em um hospital particular de Sinop. Ele foi diagnosticado com a Covid-19 e, segundo o filho, Leonardo Lacerda, não tinha tempo de esperar uma vaga em uma unidade pública.
“O caso dele vinha piorando dia a dia. Muita tosse, estava muito forte, em alguns momentos dava até falta de ar. A saturação do sangue dele estava baixa, estava chegando a 90, 89 e o ideal é que fique acima de 95”, afirma.
Apesar de ter encontrado um leito particular, Leonardo quase não conseguiu internar o pai, já que o hospital pediu R$ 20 mil adiantado pelo leito de UTI. Valor bem acima do que ele tinha condições de pagar. O jeito foi pegar emprestado com conhecidos.
“Eu consegui então dois cartões pra gente passar o valor no cartão de débito, então só consegui pagar R$ 11.250 que era um pouco mais da metade. Mesmo assim eles não queriam internar, falaram que não poderiam, que era só com o pagamento completo e aí eu tive que brigar, insistir muito e isso já era mais de meia noite até que a moça que estava me atendendo conseguiu o contato com os responsáveis e eles liberaram a internação pra eu terminar de pagar no outro dia de manhã”, afirma.
Depois de dois dias na UTI do hospital privado, Marcos conseguiu uma vaga pelo SUS. A conta no hospital ficou em R$ 58 mil e foi quitada com a ajuda de amigos. Leonardo faz uma vaquinha online para pagar as pessoas que emprestaram dinheiro para ele. A dívida é de R$ 30 mil.
Quem vive o mesmo drama é o morador de Sorriso Arilson Efren Pereira. Ele não conseguiu vaga de UTI na rede pública para o pai dele, Almerindo Pereira, de 69 anos. A alternativa foi buscar o serviço particular.
“Ele foi fazer um serviço em casa e sentiu fraqueza no peito e dor nas costas. Aí ele foi no hospital de campanha. Lá fizeram a coleta para o exame. Depois de uns dias chegou o resultado do exame e testou positivo para a Covid-19. Foi no hospital de campanha, a médica prescreveu uns remédios pra ele, tomou cinco dias esse remédio e não melhorou. Aí fomos ao hospital particular. Lá a médica fez uma tomografia que deu que o pulmão dele já estava bem atacado e prescreveu antibióticos e outros remédios pra ele tomar em casa mais cinco dias. No retorno, ele fez outra tomografia e a médica optou por internar porque o pulmão dele estava mais atacado ainda”, afirma.
Para pagar a conta, que já passa de R$ 20 mil, a família está rifando uma leitoa doada por um amigo. O valor da rifa é de R$ 5.
“Ele está na UTI, a diária da UTI, fora os honorários médicos e remédios e exames, é R$ 2 mil. A gente não tem como pagar esse valor, a gente fez uma rifa, estamos vendendo e pedimos a colaboração dos amigos, de quem conhece meu pai e de todos que cooperam em ajuda, a gente fica muito agradecido”, afirma.
De acordo com o médico infectologista Ricardo Franco, o desespero das famílias que recorrem ao serviço particular tem uma razão: quanto menos o paciente que precisa de um leito de UTI esperar, maior é a chance de conseguir se recuperar.
“Conforme esse quadro vai piorando e não é iniciado esse suporte e os medicamentos necessários para melhorar esse quadro, a tendência é ter uma resposta inflamatória maior que acaba piorando a troca gasosa e muitas vezes a gente vê pacientes que nem tinham um quadro tão grave entrando numa deficiência respiratória e precisando de uma entubação precoce”, explicou.
Fonte G-1