A técnica de enfermagem Amanda Delmondes Benício, que fez denúncias, na manhã desta segunda-feira (05), de irregularidades que teriam levado a morte de pelo menos um paciente no Hospital São Judas Tadeu, onde trabalhava, responde a um processo ético disciplinar da época em que atuava no Hospital Santa Casa de Cuiabá. Ela teria invadido a UTI Covid da unidade sem autorização e causado tumulto. Além disto, em 2019, ela já foi presa acusada de agredir professores em uma escola no CPA III.
Conforme boletim de ocorrências registrado em julho do ano passado, a técnica em enfermagem teve contra si diversas denúncias na época em que trabalhava no Hospital Santa Casa. Segundo relato de seus colegas, ela não respeitava os enfermeiros e, por diversas vezes, questionava a conduta dos seus colegas.
Além disto, a técnica de enfermagem ainda ficava passeando por várias unidades do hospital e já teria colocado em risco uma paciente instável. Em outro boletim de ocorrências, o fato é relatado com mais detalhes, confira abaixo como a cena foi descrita no documento:
“Por volta das 10:00hs desse mesmo dia 28/06/2020 a tec. enf xxxxxx que estava cuidando dos pacientes dessa enfermaria me informa que a paciente yyyyy não estava na cama e a tec. Amanda estava na enfermaria na qual ela não era responsável, retirou dona yyyyy do leito onde encontrava-se em imobilização protetora pois a mesma tinha risco de queda era uma paciente idosa, confusa, agitada totalmente dependente, em momentos de confusão a mesma retirava todos os dispositivos biomédicos assim prejudicando seu tratamento e também dos outros pacientes, era uma paciente que estava com uso de O2 tipo óculos para manter saturação, a Tec. Amanda retirou imobilização da paciente retirou acesso venoso periférico onde a mesma estava com medicações sendo infundida e a levou para banho de aspersão sendo que a mesma estava com banho no leito assim prejudicando os cuidados da mesma”. (trecho retirado do boletim de ocorrências 2020.169211)
Sem a autorização da chefia, ela invadiu por diversas vezes a UTI Covid. Em uma delas, criou pânico, tensão e tumulto desnecessário na unidade ao sair gritando pelos corredores que um paciente estava parando, sendo que na verdade o óbito já havia sido constatado pela equipe anteriormente.
Ainda conforme boletim de ocorrências, a técnica de enfermagem apresentou insubordinação e usou várias vezes de palavras de baixo calão. Eram várias as reclamações apresentadas por seus colegas de serviço na Santa Casa. Por conta disto, o profissional responsável pediu seu desligamento da equipe, já que ela se mostrou de difícil convívio.
Ainda no boletim de ocorrências (2020.169211), uma de suas colegas disse que a técnica de enfermagem enviou “mensagem e whats com tom de ameaças serias e falando que mato os pacientes, sendo que sigo todas as normas e protocolos preconizado pela instituição, dos quais seguem notas técnicas do Ministério da Saúde e Anvisa”.
Um processo ético disciplinar foi aberto contra a técnica em enfermagem e segue em análise.
Prisão
Em 2019, Amanda Delmondes Benício foi presa pela Polícia Militar após agredir três professores no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Prof.ª Almira de Amorim e Silva, localizada no bairro CPA 3, em Cuiabá.
De acordo com o boletim de ocorrência, a situação aconteceu por volta das 21h, quando a aluna passou a ofender uma professora pelo fato de ter notas baixas e faltas registradas no portal eletrônico da escola.
Servidores explicaram que o sistema estava em manutenção, mas mesmo assim ela, que era aluna do local, passou a agredir verbalmente duas professoras que estavam por lá.
Um terceiro professor chegou para conter a aluna e também foi desacatado. Ele então se identificou também como policial civil e deu voz de prisão para a mulher.
Ela reagiu atacando o professor com tapas e arranhões, que causaram vários hematomas no braço dele. Na época dos fatos, Amanda negou toda a situação e disse ter levado uma gravata de um dos professores.
Denúncia de mortes
A técnica de enfermagem Amanda Delmondes Benício, que trabalhava no Hospital São Judas Tadeu, em Cuiabá, registrou um boletim de ocorrências para denunciar irregularidades na unidade. Segundo ela, um paciente, major da PM, que estava saturando não estava recebendo o tratamento correto. Ele acabou morrendo. Antes, ele conseguiu pedir socorro a amigos e a uma advogada pelo celular. O hospital nega todas as acusações e prometeu tomar medidas cíveis e criminais contra a denunciante.
Amanda relatou que trabalhou até o dia 1º de abril no Hospital São Judas Tadeu como técnica de enfermagem e foi demitida naquele dia pois tentou contar nas redes sociais as irregularidades que estavam ocorrendo na unidade.Ela disse que fecharam o centro cirúrgico e fizeram uma semi-UTI. Afirmou que não tem sedação, medicamentos, disse que estão amarrando pacientes porque estão acordando.
A técnica de enfermagem disse que tentou comunicar aos donos do hospital sobre a situação que os pacientes estavam passando. Ela buscou pelas redes sociais, mas suas mensagens não teriam chegado aos donos. Ela conversou com outras pessoas e depois foi comunicada da demissão.
Ela também contou a situação do major PM Thiago. Segundo a denunciante, uma fisioterapeuta foi fazer diária no hospital e colocou a máscara VNI nos pacientes e jogou a pressão ao contrário. Segundo ela, Thiago estava saturando há duas semanas e a máscara é usada para ajudar o pulmão e a saturação. Como a pressão foi jogada ao contrário o major ficou roxo e os pacientes que estavam no quarto pediram socorro, porque Thiago pedia socorro.
A técnica em enfermagem então tirou a máscara VNI e conectou a máscara Venture 15l. O major, por seu celular, conseguiu enviar uma mensagem para uma amiga advogada para ir ao hospital, pois estavam “matando” ele, e pediu socorro.
O major conseguiu mandar mensagem para vários amigos e pediu para a advogada registrar um boletim de ocorrências, relatando o que havia acontecido no hospital. Segundo a enfermeira, durante a troca do plantão a equipe teria dito, na frente de Thiago, que teriam que deixar um paciente morrer para entubá-lo, e foi o que fizeram.
Quando a enfermeira foi hoje ao hospital questionar que os valores devidos a ela não foram depositados, foi mal tratada e por isso decidiu relatar o que viu.
Outro lado
Confira abaixo a íntegra do posicionamento do hospital:
O Hospital São Judas Tadeu vem, nesta oportunidade, negar veementemente todas as notícias veiculadas na data de hoje, 5 de abril de 2021, que envolvem condutas supostamente promovidas em desfavor da saúde dos pacientes.
As acusações espúrias foram proferidas por uma funcionária que trabalhou 50 dias na Instituição, e foi demitida na semana passada justamente por práticas dissonantes com as exigidas pelo Hospital e, por isso, utiliza-se dessa pauta com cunho de promover retaliação e vingança.É evidente que as afirmações são desprovidas de qualquer fundamento e principalmente provas. Diante da gravidade, o Hospital está empenhado na adoação das medidas cíveis e criminais cabíveis em face da profissional e isso será a maior resposta que poderemos dar a população.
De qualquer forma, reforçamos que o Hospital São Judas Tadeu é uma Instituição séria e respeitada, com histórico de excelência em serviços prestados à população cuiabana há mais de 35 anos.
Sempre atuamos com profissionais sérios e comprometidos com a ética e o bem estar dos pacientes e assim permaneceremos nossa caminhada.