Consultora financeira explica sobre a nova liberação de empréstimo para quem é beneficiário do BPC
Ação movida por ex-vice levou à condenação da senadora por caixa 2 e abuso de poder econômico
A senadora Selma Arruda (Podemos) afirmou que o ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD), que ficou em terceiro lugar na eleição para o Senado em 2020, investiu “milhões” em advogados para ingressar e manter a ação que culminou na cassação de seu mandato.
Derrotado nas urnas, Fávaro ingressou com uma ação de investigação judicial eleitoral contra a senadora e os dois suplentes de sua chapa em 2018. Na ação consta a relação de 13 advogados.
Selma cita o advogado Carlos Eduardo Frazão do Amaral, que, segundo ela, atua na assessoria jurídica do Senado Federal.
“O Carlos Fávaro gastou milhões com esses advogados. São muitos advogados. Um deles é cargo de confiança do Davi Alcolumbre [presidente do Senado]. Um tal Frazão. Ele é diretor jurídico da presidência do Senado e atuou no processo contra mim”, disse a senadora cassada ao programa Roda de Conversa, na TV Gazeta de Cuiabá.
“De onde esse Carlos Fávaro está tirando esse dinheiro? Um dia o povo brasileiro vai saber, porque eu já sei. Sei dos motivos pelos quais isso tudo está acontecendo. O interesse é muito maior do que as pessoas estão pensando. E é um interesse absurdamente obscuro. Não há nada daquilo que diz”, completou.
Entre os advogados do candidato derrotado, consta ainda José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça no governo Dilma Russeff (PT).
“Se isso aqui fosse um País sério, essas coisas não aconteciam. A gente, quando entra para política, pensa que pode transformar o Brasil em um País sério. Mas vai demorar muito”.
“Isso não é caixa 2?”
A senadora ainda cita uma das testemunhas do processo, indicadas por Fávaro, que confessou ter recebido a mesma quantia em dinheiro para fazer uma pesquisa eleitoral.
“No depoimento de uma das testemunhas do meu processo, arroladas pelo Fávaro, ele diz o seguinte: ‘Eu recebi realmente da senadora Selma uma quantia X, de um cheque nominal e cruzado, para fazer pesquisa. Essa mesma pesquisa eu vendi para o Fávaro, só que ele não me pagou em cheque, ele me pagou em dinheiro vivo’. Isso não é caixa dois?”, indagou a senadora cassada.
“Isso está no processo. O juiz fez de conta que não viu. Desembargador não viu nada. O Ministério Público não investigou e nem vai investigar. Esse processo está cheio dessas coisas. E isso é muito perigoso”, afirmou.
Cassação de Selma
Selma e seus suplentes, Gilberto Eglair Possamai e Clérie Fabiana Mendes, foram cassados pelo TRE em abril de 2019 por omitirem despesas na ordem de R$ 1,2 milhão durante a pré-campanha e campanha de 2018, o que configura caixa 2 e abuso de poder econômico.
Os gastos foram identificados na contratação de empresas de marketing político e pesquisas eleitorais.
Ela recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral, que manteve a decisão em dezembro.