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O arquiteto Felipe Antoniazzi Prior, de 27 anos, que participou do Big Brother Brasil 20, é suspeito de dois estupros e uma tentativa do mesmo crime. Segundo reportagem da revista Marie Claire, os crimes teriam acontecido entre os anos de 2014 e 2018. A revista ainda chegou a procurar o ex-BBB, que preferiu não comentar o caso. Já a assessoria do arquiteto, negou os crimes. O BHAZ também tentou contato com a assessoria de Prior, mas sem retorno. No Twitter, o assunto “Prior Estuprador” está em primeiro lugar.
O primeiro crime teria ocorrido no dia 9 de agosto de 2014, a vítima é Themis (pseudônimo que a revista criou para proteger a identidade), de 27 anos, em uma festa de jogos universitários das faculdades de arquitetura e urbanismo de São Paulo, conhecida como InterFAU. No fim evento, a mulher e uma amiga aceitaram uma carona oferecida por Prior, que era estudante, na época, do curso de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Primeiro estupro
No relato, Themis afirma que estava “bastante alterada” no momento, pois tinha ingerido bebida alcoólica. De acordo com ele, Prior teria deixado a amiga em casa e logo depois parado o veículo na rua e desligado o motor. Naquela hora, ele teria agarrado Themis e começado a beijá-la, passando as mãos por todo seu corpo. Logo depois, colocou a jovem no banco de trás do carro.
Themis concedeu depoimento às suas advogadas, na “notitia criminis” (protocolado no Departamento de Inquéritos do Fórum Central Criminal em 17 de março de 2020 pelas advogadas Maira Pinheiro e Juliana de Almeida Valente a fim de dar início a uma investigação criminal), pelo qual a revista Marie Claire teve acesso.
No depoimento, consta que Prior tirou a roupa da vítima e abriu as próprias calças, deixando seus órgãos genitais à mostra. Como estava muito embriagada, a mulher disse que não conseguiu oferecer resistência, mas que havia falado por diversas vezes que não queria ter relações sexuais. Prior teria ficado bravo e começado a gritar: “para de ser fresca, no fundo você quer, não é hora de se fazer de difícil”. Themis continuava dizendo que não queria, e Prior insistindo: “quer sim”. Foi aí que Prior teria cometido o crime de estupro.
A vítima continua e diz que a violência foi tão grande que chegou a causar uma laceração em seu lábio vaginal esquerdo, fazendo com que o banco do carro, sua roupa e a de Prior ficassem encharcadas de sangue. Com muita dor, a vítima começou a chorar e, segundo ela, isso teria feito o arquiteto parar. Como a quantidade de sangue era grande, Prior questionou se ela queria ir para um hospital. A vítima apenas respondeu que queria ir para casa e “mais nada”. O arquiteto concordou, deixou a vítima no portão de casa e foi embora.
Na mesma madrugada do crime, a vítima foi ao hospital junto da mãe. Ela pediu à filha para ver o ferimento e observou “um corte de cerca de três dedos de comprimento na região genital, profundo o suficiente para chegar até o músculo”, como diz o documento. Themis precisou usar um fralda geriátrica para estancar o sangramento e à mãe preferiu não detalhar mais o ocorrido.
Dentro do hospital, Themis foi atendida por três médicas, para as quais escondeu a violência sexual que havia sofrido. Após as médicas perguntarem quem havia feito isso, a vítima disse que teria sido um namorado. Ao voltar para casa, ficou de cama por uma semana, e precisou de ajuda para andar e ir ao banheiro.
Com o passar do tempo, ela disse que teve muitas dificuldades em abordar o estupro nas tentativas que fez para iniciar um tratamento psicoterápico. Ela ainda relatou que, cerca de um ano após o estupro, começou a vivenciar crises de pânico, precisando de apoio para ir e voltar ao trabalho. Também tinha crises de chora no meio da rua e ficava paralisada. Em muitos momentos, tinha recordações em flashes do estupro.
“Tudo para mim se resume a uma grande agonia no peito”, disse Themis a Marie Claire durante entrevista por telefone. “Simplesmente coloquei a violência que sofri debaixo do tapete por seis anos. Achei que não lidando com ela, sumiria em mim. Atrasei dois anos da minha faculdade por causa do estupro. Tranquei todas as matérias do curso porque vê-lo todos dias era torturante. Ele é um cara impulsivo, agressivo. O que mostrou no BBB não chega perto do que é na vida real. Tenho medo do que pode fazer, mesmo diante de uma acusação formal, com advogada e tudo. Mas não posso mais guardar esse mal para mim”, contou.
Tentativa de estupro
Na continuação do documento, é relatada uma tentativa de estupro durante os jogos InterFAU de 2016, na cidade de Biritiba Mirim (SP). Prior teria praticado o crime contra a estudante Freya (o nome também é um pseudônimo para proteger a vítima), atualmente com 24 anos.
De acordo com depoimento da segunda vítima, o arquiteto teria se aproveitado de seu estado de embriaguez e convenceu a jovem a entrar em sua barraca, no camping dos jogos, após encontrá-la em uma festa. Dentro da barraca, foram diversas tentativas de estupro.
Ela conta que Prior tentou penetrá-la no ânus, em duas ocasiões, e com a negativa ele segurou a vítima com força. A jovem conta que o estupro só não foi consumado de fato porque ela o empurrou com os braços e pernas e conseguiu fugir. Mesmo tento entrado na barraca do arquiteto, Freya afirma que quando percebeu que não tinha camisinha para o sexo, se recusou a seguir com a relação. Ele insistiu, usando força física.
“Quando começou o BBB, vi um tuíte de uma garota que dizia que o Felipe tinha fama de assediador no Mackenzie. Foi quando entendi que a violência que sofri não era única. Mandei uma mensagem para garota e disse a ela que se aparecessem mais vítimas, me manifestaria. Dessa forma encontrei Themis, que me contou que além do estupro, tinha um boletim médico comprovando a laceração em seu genital”, disse Freya a Marie Claire também por telefone. Com isso, decidiram que era hora de falar.
Novo estupro
Em mais um evento dos jogos InterFAU, em 2018, em Itapetininga (SP), Prior teria cometido outro estupro. A vítima, dessa vez, seria Ísis (também um pseudônimo criado pela a revista para proteger a vítima), que está com 23 anos e, novamente, o arquiteto teria se aproveitado da embriaguez da vítima.
A dinâmica do crime foi a mesma do anterior. Prior teria convidado Ísis para entrar em sua barraca, onde começou o sexo de maneira consentida. Contudo, após o arquiteto começar a agir de forma agressiva, a vítima disse que queria parar, mas Prior não quis.
De acordo com documento conseguido pela revista, Prior deu tapas no rosto e pelo corpo de Ísis, mesmo depois da vítima dizer que sentia dores e que gostaria de parar. Ela ainda contou que começou a chorar, mas ele falava que ela não poderia sair da barraca.
Em certo momento, o arquiteto teria colocado a vítima de barriga para baixo e colocou seu peso em cima dela, imobilizando-a. Mesmo depois de terminar o estupro, ele a empurro e puxou para que a vítima caísse em cima do colchão, para que ela não pudesse fugir. “Uma voz feminina chorando. A voz dizia ‘Para, tá me machucando’ e continuava chorando.” As testemunhas sustentam as acusações da vítima no documento.
“As meninas que moram comigo gostam de assistir BBB. Imagina ter que ver a cara dele todo dia? Mas ao mesmo tempo foi importante para que eu pensasse no passado. Eu achava que ia superar através do esquecimento. E vê-lo na TV me despertou muitos gatilhos e medo de me relacionar com homens”, contou Ísis a Marie Claire.
Com o comportamento que voltava a se repetir, Prior foi impedido, pela comissão organizadora da InterFAU, de participar de eventos nos ambientes dos jogos universitários. O relato de Ísis, segundo a revista Marie Claire, foi determinante para isso. A advogada das vítimas disse que o caso foi levado à comissão Antiopressão da InterFAU, em outubro de 2018.
Até a entrada de Prior no Big Brother Brasil 20, ninguém prestou queixa formalmente. As denúncias surgiram nas redes sociais em janeiro, dizendo que ele teria tido um mau comportamento na faculdade, principalmente contra as mulheres. A InterFAU foi questionada nas redes sociais, como mostrado abaixo, e escreveu: “Temos ciência do que está acontecendo e nos pronunciaremos no momento certo”.
Por meio de nota, a InterFAU se posicionou oficialmente sobre o assunto na tarde desta sexta-feira (3). “A Comissão Organizadora do InterFAU reitera que toda forma de opressão é profundamente repudiada nos nossos eventos e que a Comissão tem trabalhado ano após ano para que todos os participantes de sintam seguros e resguardados pela Comissão Anti Opressão (CAO)”. Veja na íntegra:
A TV Globo foi procurada pela revista, e a emissora emitiu uma nota. “A Globo é veementemente contra qualquer tipo de violência, como se percebe diariamente em seus programas jornalísticos e mesmo nas obras do entretenimento, e entende que cabe às autoridades a apuração rigorosa de denúncias como estas”.
Quebra do silêncio
Segundo a criminalista Maira Pinheiro, advogada das três vítimas, o trabalho começou no fim de janeiro, e que foi importante reunir testemunhas para formalizar a denúncia. “Conforme tivemos informações sobre a existência de outras [vítimas], percebemos que, para que os fatos fossem relatados com a devida profundidade e complexidade, teríamos que fazer uma investigação defensiva abrangente. E assim chegamos à segunda e à terceira vítimas e às demais testemunhas. Tivemos inclusive notícia de pelo menos uma outra, que acabou preferindo não depor”.
A advogada também foi questionada do motivo das mulheres não terem registrado boletim de ocorrência na época. “Precisamos entender que lidamos com vítimas reais e não ideais. Acompanhando esse tipo de caso cotidianamente, percebemos que infelizmente é comum que entre a ocorrência da violência e a decisão de denunciar, passe um certo tempo”.
“Isso tem a ver com o tratamento revitimizador que muitas dessas mulheres recebem junto às instituições, a falta de apoio de amigos e familiares e, de maneira geral, com a cultura do estupro, que normaliza situações de violência sexual e não cultua a valorização do consentimento. Todas as vítimas relataram sentimentos de culpa após os fatos. Isso é emblemático, pois revela como, diante desse tipo de caso, o senso comum tende a focar mais numa suposta ‘responsabilidade’ da vítima em não ser capaz de evitar os atos do agressor”.
Foi feito um pedido de medidas cautelares para que Prior fosse probido de entrar em contato com as vítimas e testemunhas por quaisquer meios de comunicação, até mesmo por terceiros e internet. O pedido foi acolhido pela Promotoria de Justiça de Estado de São Paulo e aguarda julgamento.
Felipe Prior se cala
O BHAZ tentou contato, por e-mail e telefone, com a assessoria de Felipe Prior. Contudo, até o momento de publicação desta reportagem, nossas solicitações não foram respondidas. Caso ele queira se posicionar sobre o caso, a matéria será atualizada.
Na reportagem da Marie Claire, a revista também tentou contato com o arquiteto. Segundo a publicação, o primeiro contato foi feito na quarta-feira (1º). Por uma mensagem de texto, o veículo pediu o número de Prior para apresentar as denúncias. Sem resposta, a reportagem enviou o conteúdo das acusações em mensagem privada para o WhatsApp do assessor, às 11h dessa quinta-feira (2). Sem retorno, a Marie Claire ligou diversas vezes para o celular do assessor.
Após muitas tentativas, a resposta veio pelo WhatsApp, às 12h40. “Isso aí é mentira”, disse. Com insistência para que respondesse às acusações, o assessor se limitou a dizer que “acho que agora não”. Foi dado o prazo de um dia para que o assessor ou mesmo Prior se manifestassem formalmente, mas não ocorreu. Um último contato foi feito na manhã desta sexta-feira (3), explicando sobre a urgência da resposta, mas nada foi dito.
Repercussão no Twitter
Nas redes sociais, o caso tomou uma grande repercussão. As hashtags Prior Estuprador, Marie Claire, estupro, dentre outras, estão entre as mais comentadas do Twitter. Famosos e anônimos já falam sobre o caso. O Youtuber Felipe Neto foi um dos primeiros a se manifestar sobre o assunto.