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Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Reprodução
O soldado do Corpo de Bombeiros Renan Henrique, uma das testemunhas ouvidas durante a audiência na 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar sobre a morte do aluno soldado Lucas Veloso Peres, disse que todos sabiam das dificuldades da vítima nos treinamentos aquáticos e que ele e os colegas incentivaram Lucas a não desistir do curso. Michel Henrique foi a última testemunha ouvida na sessão de hoje (11).
Renan Henrique foi um dos militares que participaram do treinamento que terminou com a morte de Lucas. O Ministério Público questionou o soldado sobre uma mensagem que ele enviou em um grupo de Whastapp, no dia dos fatos, demonstrando sua indignação.
“Indignação por conta do momento que a gente estava tendo nas instruções, nas aulas anteriores ao fato, a gente presenciou isso, naquela que gente presenciou que teve submersões e o soldado Veloso era um dos que estava sendo observado, ele foi submergido ali, e ele pediu desistência e a gente falava pra ele que ele não ia desistir”, relatou o soldado Michel.
A testemunha afirmou que nunca foi alvo de “caldos” ou submersões, mas viu Lucas passando por isso em outros momentos. Ele também disse que, por ser um dos que mais apresentava dificuldades, Lucas era o principal alvo. Afirmou ainda que a vítima demonstrou preocupação com seu desempenho em diversos momentos e que constantemente os colegas o encorajavam.
“Ele estava muito preocupado, por isso que eu falo, todo mundo já sabia, porque no dia que teve aula com a nadadeira, ele conseguiu tranquilo, ele ficou feliz e tal, a gente falou ‘po você conseguiu’, deu apoio, mas no dia do evento ele perguntou se tinha nadadeira, porque ele tinha essa preocupação, a gente também sabia”.
Michel Henrique também se recorda de falas do capitão Daniel Alves de Moura e Silva durante as instruções, que dizia, de maneira geral, para que quem não conseguisse desistisse do curso, e que também falava direcionado a Lucas. Lembra-se ainda de que o capitão disse que “se eu pular na água vai ficar pior”, isso antes de entrar na água para impedir Lucas de se apoiar nos outros.
O soldado Michel foi a última testemunha ouvida na audiência de hoje (11). Uma nova audiência foi marcada para o dia 19 de fevereiro de 2025.
O caso
O capitão Daniel Alves de Moura e Silva foi o responsável por comandar a atividade prática de instrução de salvamento aquático, tendo como monitores o soldado Kayk Gomes dos Santos e o soldado Weslei Lopes da Silva.
Conforme a dinâmica proposta, a cada dois alunos, um deveria portar o flutuador do tipo Life Belt. Nessa divisão, o soldado Lucas Veloso Peres ficou com a missão de levar o equipamento. Após percorrer aproximadamente 100m da travessia a nado, o aluno passou a ter dificuldades na flutuação e parou para se recompor, utilizando o Life Belt.
Desconsiderando o estado de exaustão do soldado, o capitão determinou que ele soltasse o flutuador e continuasse o nado. A vítima tentou dar prosseguimento à atividade por diversas vezes, voltando a buscar o flutuador em razão das dificuldades.
O capitão insistiu para que o soldado soltasse o equipamento de segurança, proferindo ameaças, até que determinou ao soldado Kayk Gomes dos Santos que retirasse o flutuador da vítima.
O monitor retirou o Life Belt de Lucas e lhe deu “vários e reiterados caldos”. Desesperado e com intenso sofrimento físico e mental, a vítima passou a clamar por socorro e pedir para sair da água.
O capitão, que estava em uma prancha, desceu do equipamento, ordenou que os alunos continuassem a travessia e disse que supervisionaria o aluno. Ele se posicionou à frente da vítima quando percebeu que ela submergiu. Ao retornar à superfície, Lucas Veloso Peres estava inconsciente.
A vítima foi colocada na embarcação e imediatamente constatada que “não havia pulsação carotídea, e, portanto, havia entrado em parada cardiorrespiratória”. O aluno faleceu no local.