Consultora financeira explica sobre a nova liberação de empréstimo para quem é beneficiário do BPC
O próximo desafio do nadador paulista Glauco Rangel é percorrer a nado os aproximadamente 34 quilômetros que separam a cidade inglesa de Dover da francesa Calais, completando assim a conhecida e temida Travessia do Canal da Mancha. O objetivo inicial do atleta é se aproximar do recorde sul-americano da prova, de 8h49min23seg, que é do brasileiro Adherbal de Oliveira desde 2015. Glauco soma, entre outras conquistas, sete títulos da “14 Bis”, travessia de 24km entre Bertioga a Santos. Ele já inscreveu o nome dele no Guinness Book com o recorde obtido na Travessia do Leme ao Pontal – ele completou os cerca de 36km de extensão, sem traje de neoprene, em 7h13min39.
“Viajo para a Inglaterra dia 2 de agosto, e a minha “janela” para fazer a prova é entre os dias 11 e 16. Mas é claro que os organizadores só liberam se estiver seguro para o nadador e para a equipe”, diz o paulista de 48 anos. “Sem dúvida, eu sou um cara competitivo e tenho essa vontade de bater o recorde. Mas o meu objetivo principal é completar a prova, que já é muito difícil. Não subestimo de forma alguma o Canal da Mancha e tudo depende das condições climáticas que vou enfrentar. Quem manda lá é o Canal, a natureza”, ressalta o atleta à Agência Brasil.
Durante a preparação, Glauco mudou de cidade no interior paulista. Em outubro do ano passado, ele saiu de Brotas, a cidade natal, para Ourinhos e começou a nadar no rio Paranapanema. “Eu já conhecia o rio porque tinha nadado aqui há muitos anos. E agora um dos meus alunos de natação me levou de volta. Fiz um treinamento lá, algumas séries contra a correnteza, principalmente através das corredeiras e isso me ajudou demais, porque exige muita intensidade e força. Fiz também trabalhos de resistência; cheguei a nadar mais de quatro horas no rio”, lembra.
Mais recentemente Glauco também retomou os trabalhos em piscinas. “Claro que sempre respeitando os cuidados sanitários e de distanciamento, consegui alguns locais para treinar. Inclusive, fiz há poucas semanas um treino previsto de 12 horas de natação com a água a 18 graus para tentar simular a temperatura que vou enfrentar lá na Europa. Mas não consegui nadar mais de quatro horas e trinta e abandonei com tontura e mal-estar. Foi um teste importante para ver que eu ainda preciso melhorar e aumentar meu percentual de gordura.”
COVID-19
Além das dificuldades naturais do desafio, Glauco tem pela frente outro problema: as incertezas causadas pela pandemia da covid-19. Além de existir a possibilidade de ele ter de passar por uma quarentena forçada ao chegar à Europa, a própria prova pode ser adiada, como ocorreu recentemente com Alan Viana. “Eu acompanhei bem de perto essa questão, porque sou o técnico do Alan. É claro que existe essa possibilidade, mas estou monitorando diariamente os sites e, por enquanto, está tudo confirmado”.
A questão financeira e o aumento da cotação da libra em relação ao real durante os meses de pandemia também dificultaram a concretização do desafio. Isso fez com que amigos e alunos do nadador se envolvessem em uma campanha virtual para arrecadar o valor necessário para a realização do projeto, estimado em cerca de R$ 40 mil.
REFERÊNCIAS
O técnico Igor de Souza, o primeiro brasileiro que atravessou o Canal da Mancha, em ida-e-volta, e a nadadora Renata Agondi, que morreu durante a travessia em 1988, foram as primeiras referências de Glauco para encarar o desafio das ultramaratonas em águas abertas. “Fiz alguns trabalhos com eles quando eu ainda era adolescente. Foi uma aclimatação para o frio em 1988, uma super experiência. São referências para mim até hoje. É claro que o que aconteceu com a Renata preocupa a todos, pois tenho família, uma filha de 13 anos. Eu faço uma dieta para ganhar gordura, estou com 18% de percentual de gordura e o ideal é chegar em 20,5%. Mas dei uma empacada, não é fácil. O treinamento é pesado e longo, mas eu confio demais no Igor. Ele vai comigo no barco para fazer a escolta e a hidratação. Vamos com tudo para encarar esse “Everest” das águas abertas”, completa Glauco Rangel.
Edição: Sergio du Bocage