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Suspeito disse que cometeu homicídio por temer pela sua vida; caso aconteceu no dia 27 de outubro
O detento Luciano Mariano da Silva, conhecido como “Marreta”, confessou nesta segunda-feira (18) em depoimento prestado à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que matou o companheiro de cela, Paulo César dos Santos, o “Petróleo”.
O crime ocorreu no dia 27 de outubro, na cela onde os dois ficavam na Penitenciária Central do Estado (PCE), dois dias após prestarem depoimento no Fórum de Cuiabá a respeito do processo relativo à Operação Assepsia, que desbaratou um esquema que facilitava a entrada de aparelhos celulares na PCE. Os dois se tornaram réus este ano no caso.
Acompanhado de seu advogado Rafael Winck, “Marreta” foi ouvido pelo delegado Caio Albuquerque, que questionou o envolvimento na morte do colega de cela. O suspeito foi enfático ao dizer: “Quem matou ele foi eu”.
Segundo “Marreta”, ainda durante o depoimento das testemunhas, ele percebeu que tudo que eles disseram batia exatamente com o que ele havia contado para “Petróleo”.
“Que somente na audiência de quarta e quinta-feira anteriores à localização do corpo [de Petróleo] é que “eu fiquei sabendo do regaço que ele tinha feito na minha vida”. Que não tinha dúvida de que Petróleo estava entregando, pois a versão das pessoas em juízo era exatamente a mesma daquilo que o interrogado havia conversado dentro de cela na companhia da vítima”, diz trecho do documento.
De acordo com “Marreta”, “Petróleo” ficava sabendo de informações na rua e passava para a Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel), que realizava a apreensão e prisão dos envolvidos .
O suspeito ainda contou que, após o depoimento, já de volta em sua cela na PCE, questionou a vítima a respeito dos depoimentos e ele teria se limitado a dizer: “Depois da visita nós conversa [sic]”.
No entanto, após a visita, os dois não conversaram mais e se declaram inimigos a partir dali. Afirmou ainda em seu depoimento que no dia do crime notou que quando todos já estavam deitados para dormir, “Petróleo” o observava, causando-lhe desconforto.
“Que como a vítima já teria ameaçado o interrogado, com expressão ‘depois da visita nós conversa’, o interrogado não teve dúvida de que naquele dia ‘seria a morte’. Que o interrogado também passou a ‘cuidar’ da vítima”, disse.
Em detalhes, o detento diz que esperou todos dormirem e que, por volta das 23h, foi até o banheiro levando o lençol da sua cama e um vidro de perfume. E em seguida foi até a cama de “Petróleo”, passando o lençol ao redor de seu pescoço para asfixiá-lo.
Ele relatou ainda ter praticado quatro anos de artes marciais, o que teria facilitado mobilizar a vítima.
“Que conseguiu fazer com que a vítima inalasse o perfume, que arrastou a vítima até o banheiro. ‘Fui erguer ele na catraca’. Que essa catraca era feita com o próprio lençol. Que colocou a vítima emborcada sobre o vaso, com as costas para cima. Que pode afirmar que quando levou a vítima para o banheiro, ela já estava morta, o que tem condição de dizer ‘porque eu peguei no pulso dele’. Que ainda quando executava a vítima, pegou em seu pulso e viu que tinha batimento quando continuou o enforcamento até que cessasse os batimentos”, contou.
Voltou a dormir após o crime
Após o crime, Marreta relatou ter limpado o local, com intuito de eliminar suas digitais e fazer parecer um suicídio.
Em seguida foi para a sua cama. “Foi a única forma que eu consegui dormir naquela noite”, alegou.
No dia seguinte ele ainda encenou o encontro do corpo do colega de cela e disse: “Ó o cara aqui se suicidou”. Em seguida os agentes foram chamados e encontraram o corpo de Petróleo.
No depoimento, Marreta fez questão de ressaltar que cometeu o homicídio sozinho e não com a ajuda de outros detentos como era a suspeita.
“Os outros três presos que estavam lá são inocentes, o problema é entre Petróleo e Marreta. Que pode afirmar que a vítima não tinha problema com os outros três, mesmo porque estes passaram a ocupar o cubículo 20 dias antes dos fatos”.
Ele ainda negou ser membro do Comando Vermelho e afirmou ter matado a vítima somente por temer pela sua vida.
O delegado também questionou se o suspeito considerava a vítima como um amigo antes do crime, e ele respondeu que o tinha como um irmão até o dia da audiência.